FUI PRO MUNDO!

Muitos dos amigos ou familiares diante das últimas notícias sobre a Irlanda no Brasil já me perguntaram sobre como anda a situação por aqui... O fato é que sim a Irlanda enfrenta uma séria crise econômica que compromete toda a zona do Euro. Não cabe aqui falar do porque e como isso acontece... Quem gosta um pouco de economia pode se informar a respeito.
Mas vamos a uma comparação simples, onde utilizo o meu exemplo pra se ter uma idéia da diferença de padrão de vida daqui, e do nosso Brasil baronil.
Trabalho há quase 3 meses num hotel bacana de Dublin como Housekeeping (O equivalente a camareira no Brasil). Isso é um subemprego por aqui... Ganho salário mínimo, 8.65 Euros por hora, e trabalho meio período, não mais que 25 horas por semana. Com o que ganho, levo uma vida bem confortável, consumido produtos que eu não consumia no Brasil, saindo bastante, viajando as vezes, comprando umas roupas legais, salvando algum dinheiro pra viagens... e por incrível que pareça eu ainda vejo uma graninha acumulando na minha conta. O fato é que o poder de consumo que tenho aqui com o que ganho, equivale a mais ou menos o poder de consumo de um salário de 2 mil reais no Brasil. Agora pare e lembre: O meu cargo equivale a camareira no Brasil. Alguém conhece alguma camareira que ganhe 2 mil reais no Brasil trabalhando meio período? Ou então 4 mil reais trabalhando período integral?
É legal ver os colegas de trabalho do mesmo nível que eu fazendo planos de viajar pra um lugar bacana nas férias, trocar de carro, enfim... vivendo dignamente mesmo trabalhando em cargos vamos dizer... “chão de fábrica”.
É claro que eu tenho saudades do Brasil! É claro que existem coisas por lá que serviriam de exemplo pra cá, é claro que eu quero e vou voltar. Mas o fato é que nosso “paísão” tem muito o que se desenvolver ainda. O caminho é longo pra chegar a níveis de qualidade de vida que se tem por aqui...
Por outro lado, nunca antes de estar aqui, eu tinha percebido tão nitidamente a pior face do capitalismo: É impossível sustentar esse elevadíssimo poder de compra de bens de consumo, e consequentemente o desperdício exacerbado, sem que haja uma cruel exploração em algum momento da produção, o que logicamente recai sobre a mão de obra. Muito do que consumimos aqui vem dos países de mão de obra barata, como China, Índia e Coréias.
Ok... o mundo é cruel mesmo... Let´s Shop enquanto o sistema se sustenta! Um dia o World Crash virá! Mas antes, eu espero que o Brasil consiga ser desenvolvido pra que todo mundo por aí consiga viver sem penúria! hehe

Após 3 semanas eu finalmente sinto que estou estabelecendo uma rotina em Dublin. Agora sim mais habituado com as diferenças culturais. Aluguei um apartamento próximo ao centro com mais três brasileiros. Definitivamente isso não é bom pro meu inglês, mas os caras são bacanas. Temos vários amigos estrangeiros que freqüentam a casa e isso força a comunicação em Inglês. Ainda bem! A rotina da qual eu falava, consiste em de manhã ir pra escola... voltar, fazer almoço.. Procurar emprego, e mais algum compromisso social durante a noite. Haha. A vida de turista acabou. Foi impossível durante as duas primeiras semanas não ter a sensação de ser turista. Acabei visitando vários lugares. E agora sim posso falar com mais propriedade sobre Dublin. Logicamente Dublin não é uma das mais badaladas capitais Européias, mas mesmo assim é muito bonita! Sobram museus, jardins, parques, arquitetura clássica, medieval, gótica, contemporânea, transporte público eficiente, boas opções de compras, e vida noturna extremamente agitada! Falar sobre todos os aspectos num só post é impossível. Por isso as fotos que eu posto hoje, servem só pra revelar um pouco de toda essa atmosfera... e ao decorrer dos dias, eu vou destrinchando cada um dos temas com um nível maior de detalhamento. Essas fotos foram tiradas num dos dias de caminhada por Dublin.

EXTRA EXTRA: Subi de nível na escola de idioma: Agora estou no Intermediário! Hehe
Abraços!

Uma semana em Dublin! A gama de acontecimentos é imensa! Também pudera... quando um Jacu sai da toca, tudo rende história! A começar pelo avião: São Paulo – Amsterdam foi meu primeiro vôo internacional. Viajei pela KLM num Boeing 777-800 podre de chique! Eu penso isso porque estava na classe econômica.. imagine se eu estive na Business.... provavelmente não encontraria adjetivo pra descrever. Serviço impecável! Refeições a bordo bem regadas! Até vinho chileno! Sorvete de sobremesa etc... Os monitores individuais em cada assento, me proporcionaram ficar a noite toda acordado! Filmes, músicas, seriados, esportes.. tinha tudo., até uns joguinhos. Do meu lado, um casal que até agora eu não descobri de onde era. Falavam hora inglês, hora outra coisa que eu não identifiquei. Fiquei tímido pra soltar um “Where you from?”.. mas eles pareciam amigáveis! Rsrsrs. Conexão em Amsterdam sem problemas... O Aeroporto é gigantesco mesmo! O tempo estava “esfumaçeado”.... (Os mais ligados enendem) rsrsrs. O terceiro vôo, finalmente rumando a Dublin, foi com a Air Lingus, uma companhia irlandesa de baixo-custo. Nesse instante tive o primeiro contato real com o “Irish accent”. Foi nesse instante que eu pensei... “Houston... I have a problem!”. Ok... mas os problemas estavam só começando. Na imigração.. tudo tranquilo, consegui me fazer entender... e o carimbo no passaporte saiu rapidinho. Contudo... na hora de pegar a mala... vish! Cadê minha mala? Where´s my luggage? Ohh Fuck! Ficou dando uma voltinha em Amsterdam... a companhia não despachou.. fui recebê-la somente 2 dias depois. Ok, acontece.
Mas não foi só isso. Peguei um taxi do aeroporto até a casa da família que eu deveria ficar... maas.... o taxista me deixou no endereço errado. Pra encurtar beeem a história... acabei dormindo num Hostel o primeiro dia, Isso porque um casal de Irlandeses me ajudou. (Nesse instante eu descobri também que o meu inglês estava melhor do que eu pensava). Segunda dia, fui pra escola de idioma! Conheci meus colegas de turma.. um turco, uma italiana, um russo, dois árabes, e três brasileiros. O Russo, por sinal, é meu “irmãozinho”... moramos com a mesma família. Imagine o sotaque de um Russo... o mais incrível é que a gente consegue se comunicar.
Dublin é uma cidade fantástica. To impressionado. Talvez ao logo dos dias eu consiga explicar melhor... pq por enquanto eu to num estado de êxtase que parece bloquear minha cabeça. Parece que estou num filme. Afinal, os hábitos, a língua, a cultura... tudo é coisa que eu só via em filme. A mão esquerda no transito... os ônibus de dois andares... Haushas
Esse êxtase está misturado com boas doses de preocupação.. eu preciso encontrar pra morar... eu preciso economizar dinheiro.. preciso procurar emprego... preciso estudar inglês... o aprendizado é meio que invisível... vc vai pegando sem se dar conta. Eu ainda não me dei conta que estou aprendendo, mas afinal eu estou falando. Me comunico.
Eu não trouxe câmera fotográfica! Antes de achar que eu sou louco escute: Aqui é muito mais barato, eu não quis comprar no Brasil. Porém... vou deixar pra gastar dinheiro só depois que eu estiver estabilizado... eu não estou a passeio... minha vida é aqui agora... hehe. Enquanto isso... eu vou saindo nas fotos de alguns amigos.
Pra decorar o post eu coloco aqui uma foto da minha família postiça por enquanto! Hehe
Da esquerda para a direita: Ivan... o Russo... Kifah.. o chefe da família.. ele é Libanês... Lana... sua esposa.. e o baby.. Daniel... “Denieal” In english! =D

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Abraços!

Este último mês de Brasil foi puxado. O tempo foi dividido entre compromissos sociais e organização dos últimos detalhes. Pato Branco, Francisco Beltrão, Irati e Dois Vizinhos foram as cidades contempladas com minha passagem... Rsrsrs Reforço aqui o abraço a todos os amigos e parentes com que dividi esses últimos momentos de Brasil. Me desejem sorte sempre.
Bem, dentro de alguns dias finalmente o blog vai cumprir com o propósito para qual foi criado... falar de viagem! Hasuhasuh As próximas palavras aqui postadas virão diretas do velho continente!
Ufaa! Chegou a hora! Let´s Go! hasuhas

Adeus novamente. Até logo novamente. Mais um lugar ficando na lembrança, e no sonho de um reencontro futuro. Nômade talvez seja um adjetivo que me venha a calhar, já que em função dos meus objetivos, essa não foi nem a primeira, e creio que nem será a última partida. Logicamente ser nômade não é de toda sorte algo ruim. Ao contrário, ao partir ouvimos e falamos aquilo que deveríamos ouvir e falar quase todos os dias. Me refiro ao reconhecimento dos valores das pessoas que estão a nossa volta. Ouvir um elogio, ser reconhecido por um feito, por mais simples que seja, nos faz bem, nos revigora e nos motiva. Quando vamos embora, as nossas boas qualidades vêem a tona, simplesmente porque as pessoas nos dizem. Digo isso baseado no carinho que tenho recebido de diversas pessoas com quem convivo. Na condição de aspirante a nômade profissional, isso me consola. Porque é claro que em detrimento desse aspecto positivo, existem as pessoas que temos de deixar pra trás. Deixo pra trás em Florianópolis colegas e amigos que definitivamente valeram a pena conhecer. O que seria inicialmente uma estada de 3 meses perdurou por pouco mais de 7. E agora, somente no final, me convenci que deveria ter sido assim mesmo, como foi. Foi o suficiente pra conhecer melhor as pessoas com quem convivi. Portanto, edificante do ponto de vista pessoal. Cresci, aprendi. Aprendi que eu não sou tão praieiro como eu achava que fosse (rsrsrs); que talvez eu goste mais de vinho do que cerveja; que eu até gosto (de leve) de outros frutos do mar que não seja camarão; que os argentinos chamam pisicina de “pileta” (rsrss... estórias outras); que eu sei usar extintor de incêndio (aprendi da pior maneira possível); que Floripa é a Ilha da Magia, mas que a magia é proporcional a quantidade de dinheiro que você tem pra poder curtir (o meu caso não foi muito mágico)... enfim, aprendi definitivamente que é preciso viver e aprender, porque o aprendizado provém de nossa atenção, do nosso olhar sobre as atitudes, conversas ou decisões em que talvez não estejamos nem mesmo minimamente envolvidos. Resumindo, o aprendizado depende quase que exclusivamente de nós mesmos, ou seja, está nos olhos de quem vê. Muito obrigado a todos que me acolheram aqui na Ilha, sobretudo no Costão. Obrigado por terem feito parte do meu aprendizado de vida. Vocês não foram muitos, no entanto fizeram toda a diferença. Estarei sempre na torcida pelo sucesso de vocês.

Dada a minha ansiedade que aumenta a cada dia em função da viagem, resolvi escrever sobre uma das tantas coisas boas que a Irlanda tem. Essa, por sua vez, merece atenção especial. Olhe novamente. Eu sei, é de tirar o fôlego. Legítima representante de uma Irlanda globalizada, reconhecida pelo mundo e pelo mundo habitada. Difícil de descrever: Nem muito clara, nem muito escura. Douradinha. Encorpada. Provocante. Parece que me encara, como quem diz: “E aí... ta afim?” Aaah isso deve fazer um estrago... Será que aguento? Talvez. Só sei de uma coisa... não vejo a hora de te provar... aah minha Guinness!