Doha, Dubai e Abu Dhabi

Prezados, há tempo que não posto nada por aqui. Na realidade eu jamais escrevi o tanto que gostaria de ter escrito. Não continuei narrando o meu mochilão pela Europa (propósito original do blog) por falta de tempo, outras prioridades e até falta de vontade. Talvez um dia eu retome aquela narrativa. No entanto, esse é o momento ideal pra voltar a por umas linhas no papel. Acabo de chegar de uma viagem que confesso não imaginava que faria tão cedo: Doha no Catar, Dubai e Abu Dhabi nos Emirados Árabes Unidos. O motivo da viagem foi trabalho: familiarização com os destinos e feira de viagens de incentivo do Golfo Pérsico. É trabalho sim! Não me culpe se por ventura você escolheu a profissão errada rsrs. Esses locais foram o meu primeiro contato com uma cultura totalmente diferente da ocidental. Tudo bem que estamos falando talvez da parcela mais ocidentalizada do mundo árabe. É por isso que decidi escrever sobre ambos os destinos num só post. É impossível não compará-los. Quando se pensa em Dubai creio que as imagens mais recorrentes que vêm à memória são as grandes construções, projetos megalomaníacos, uma coleção de “o maior do maior do mundo”, realizações de arquitetos que bateram com a cabeça, acordaram e encontraram Sheiks dispostos a injetar alguns bilhões em seus projetos. Tudo isso é verdade e está lá pra ser visto. Acrescenta-se a isso pessoas dispostas a ostentar suas riquezas, outros dispostos a disfarçar, e outros (como nós) simplesmente querendo curtir o novo hit do turismo mundial. No final, a palavra com a qual eu descreveria Dubai é: Artificialidade. Eu confesso que por vezes tive a sensação de estar no meio de uma ficção científica, no meio de Gotan City ou algo assim. Abu Dhabi vai seguindo o mesmo caminho, ainda bastante atrás de Dubai mas visivelmente disposta a virar o jogo. Há de se destacar em Abu Dhabi a mesquita Sheik Zayed, que pra variar é a maior do mudo, definitivamente um must numa visita aos Emirados. De Dubai, o mais impressionante é a suntuosidade dos hotéis, a ostentação de luxo algumas vezes até exagerada (eg: Burj al Arab). Tive a oportunidade de conhecer diversos em detalhes por conta dos site inspections que realizamos. Falando assim até parece que eu não gostei. Ao contrário, fiquei deslumbrado. Até porque ser recepcionado praticamente na porta do avião com uma plaquinha com meu nome, transferido pro mais novo hotel cinco estrelas da cidade num dos modelos mais sofisticados da BMW já seriam motivos suficientes pra um cara da minha idade perder a cabeça. Mas como o meu chefe tantas vezes advertiu após eu enviar os meus relatórios de viagem: “Muleque, vc precisa aprender que hotéis podem ser reaplicados em qualquer lugar do mundo, o que faz um destino é sua gente, sua cultura, sua comida, suas belezas e, por fim, seus hotéis” eu caí na real e pude analisar mais friamente os destinos. Dubai peca por não ter considerado suficientemente os aspectos da cultura árabe e o estilo de vida de sua gente em seu desenvolvimento. Eu falo isso por ter passado por um curso superior de turismo onde tantas vezes se falou sobre a importância de considerar a cultura local no planejamento turístico. Tenho certeza que a maioria dos turistas não se importa com isso desde que os shoppings continuem abarrotados de ofertas. Abu Dhabi ainda tem tempo de corrigir a rota. Mas e Doha e o Catar? Eles não estão à parte desse boom de desenvolvimento e ocidentalização, grandes projetos e esforços pra se tornar um grande destino turístico mundial estão por toda parte. A diferença é que eles propositalmente não vão tão rápido, tomam mais cuidado e consideram fortemente a cultura local. Prova disso é que um dos principais atrativos turísticos de Doha é um fantástico museu de arte islâmica, outro deles, O Souq Waqif, uma espécie de mercado municipal, que não é um cenário para turistas, as pessoas que circulam por lá são realmente locais e fazem cotidianamente suas compras por lá. Essas coisas fazem de Doha um destino mais autêntico do ponto de vista da cultura árabe. Destinos parecidos, mas cada qual com sua singularidade. Definitivamente um pedaço de mundo que vale a pena conhecer. Abaixo seguem um slide show com algumas fotos não postadas no facebook.